O QUE SÃO?
Os elementos farejadores, ou “pathfinders”, são elementos traços ou gases relativamente móveis presentes na associação geoquímica de um depósito mineral. Estes são como pistas de um “mistério”, que servem para auxiliar aos prospectores e exploradores na localização de alvos, ocorrências ou depósitos minerais em si mais facilmente e com maior grau de confiabilidade.
Os pathfinders fornecem um meio de avaliar grandes áreas quanto ao seu potencial e fertilidade metalogenética, eliminando prováveis áreas estéreis antes de avançar aos estágios mais avançados de pesquisa mineral. Uma vez que comumente são mais abundantes nos halos geoquímicos de dispersão que circundam o depósito, os pathfinders são de mais fácil detecção do que os elementos alvo ou indicadores que compõem o minério de interesse.
CONCEITOS BÁSICOS
Os sistemas minerais resultam do fluxo de fluidos na litosfera e suas reações com as rochas presentes no contexto geológico local desde a área fonte do metal. A prospecção geoquímica estuda a abundância, a distribuição e a migração dos minérios e elementos relacionados à eles, como os “pathfinders”, em resposta à interação das rochas e solos com os processos naturais, pedológicos, climáticos, biológicos e, claro, geológicos.
Sabe-se que os elementos químicos possuem comportamentos distintos com base em suas propriedades e, em ambientes geológicos semelhantes, em grande parte das vezes os elementos estarão acompanhados de outros com afinidade geoquímica entre si. Este é o princípio básico do raciocínio de definição dos pathfinders.
Os elementos traçadores comumente geram anomalias geoquímicas, que são concentrações anormais de um elemento em relação ao background, e estas podem ser relevantes ou não para o contexto do depósito. As anomalias significativas são relacionadas às mineralizações, enquanto as anomalias não-significativas estão relacionadas a efeitos litológicos, contaminações, resíduos antropogênicos ou a erros de análise e amostragem.
O background, ou teor de fundo, é o teor médio de um elemento em materiais geológicos estéreis, não-mineralizados. Esse teor médio é relativo e varia com base na região prospectada. Para cada área uma nova faixa de valores de background deve ser determinada, uma vez que os teores podem variar consideravelmente dentro de uma mesma litologia, em ambientes geotectônicos distintos.
Figura 1 – Associação mineralógica e elementar em halos hidrotermais de depósito tipo pórfiro. Fonte: Adaptado de Guilbert & Park (1986).
MÉTODOS PROSPECTIVOS E ANALÍTICOS
O conjunto de técnicas aplicadas na prospecção tem como objetivo definir as anomalias geoquímicas que distinguem o depósito enriquecido em relação ao background, assim como estudar os processos que regem a formação destas anomalias e definir, posteriormente, a associação de elementos farejadores do depósito.
Podem ser analisadas amostras de sedimento de corrente, solo, concentrado de bateia, água e a rocha em si, assim como análises biogeoquímicas e geobotânicas. Deve-se realizar um planejamento e amostragem criteriosas, além da seleção do método analítico mais adequado ao que se deseja obter.
O sedimento de corrente é muito utilizado em regiões de drenagem com o objetivo principal de definir e/ou delimitar a área alvo, e nele pode-se identificar anomalias a montante da área de amostragem, e por consequência possíveis halos de dispersão dos elementos farejadores.
Já na prospecção de solo estudam-se, principalmente, áreas onde o intemperismo é profundo e o relevo é baixo, e é indicado para pesquisas de reconhecimento de áreas de até 10km2 ou onde outros métodos geoquímicos não foram eficientes ou são de custo elevado. Interessante também em áreas anômalas localizadas por análises de sedimento de corrente, por prospecção geofísica ou próxima afloramentos de gossans, em testes de continuidade de corpos de minério em regiões cobertas ou na delineação de alvos de sondagem.
Figura 2 – Prospecção geoquímica em concentrado de bateia. Fonte: Geoscan.
Através da geoquímica de rocha pode-se obter mais diretamente os elementos pathfinders, aliados a uma boa descrição petrográfica, essencial para o entendimento da associação mineralógica e a resposta geoquímica obtida. Com uma análise estatística bem feita dos dados, definir o agrupamento de elementos se torna mais fácil e confiável. Tão importante quanto encontrar a associação de elementos farejadores, a compreensão e o entendimento do significado destes é primordial.
EXEMPLOS DE PATHFINDERS E DEPÓSITOS MINERAIS
A associação geoquímica de cada depósito dependerá de diversos fatores, mas terão relação direta com a área fonte dos elementos de interesse (comumente metais), os processos de interação do fluido mineralizante com outros fluidos, com as rochas encaixantes e hospedeiras, assim como os processos de mobilização, transporte e acumulação.
Depósitos sedimentares tendem a ter elementos de associação predominantemente crustal (e.g, litófilos), enquanto em depósitos magmáticos predominam elementos siderófilos ou calcófilos. Na tabela abaixo têm-se a associação geoquímica dos principais depósitos minerais conhecidos, mas cabe ressaltar que é necessário um estudo individual criterioso para a definição dos pathfinders em cada local específico.
Figura 3 – Depósitos minerais e suas respectivas associações geoquímicas. Baseado no banco de dados do software ioGAS™ - REFLEX.
Por fim, vê-se que os elementos farejadores são fator essencial para o conhecimento geológico do depósito e contribuem em todas as etapas da pesquisa mineral, desde o descobrimento de um alvo/prospecto até a definição da geometria de um depósito mineral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
American Geological Institute. 1960. Glossary of Geology and Related Sciences. Washington, DC., 1957m 325 pp; supplement, 72 pp.
Guilbert, J.M. and Park, C. F. 1986. The Geology of Ore Deposits. W. H. Freeman and Company, New York.
Marjoribanks, R. 2010. Geological Methods in Mineral Exploration and Mining. Vol. XV, 238p. Springer, Berlin, Heidelberg.
Software ioGAS™. 2021. Versão 7.4; Australia. REFLEX. Acesso em: https://reflexnow.com/product/iogas/
AUTORA: Anna Luíza Rocha de Oliveira
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